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  • Juliana Rocha

Introdução

Atualizado: 8 de jul. de 2019

Olá! Meu nome é Juliana, e essa história é dedicada a vocês que, como eu, têm o dedo podre na hora de escolher ficantes ou namorados. Não sou a primeira nem a última pessoa desse mundo a sofrer uma decepção amorosa nessa vida; tenho total consciência disso. Certamente há quem vivenciou coisas piores. O que torna minha história especial então? Nada além do fato de que decidi compartilhá-la com outras mulheres e, ao escrevê-la, torno isso possível. Afinal, o que os embustes mais querem é que a gente sofra calada.


Eles nos manipulam para que a gente comece a duvidar da nossa própria verdade, da nossa percepção das coisas e até mesmo da nossa sanidade. Nos questionamos, em silêncio, se fomos as culpadas pelo que não deu certo, se somos nós que não somos boas o suficiente para motivá-los a não mentir pra gente. Em silêncio, sentimos vergonha porque nos sabotamos, nos diminuímos, jogamos nosso amor próprio pelo ralo, enquanto tentávamos nos moldar de acordo com a expectativa do outro. Mas ao mesmo tempo que sentimos vergonha disso tudo, continuamos nos sentindo um lixo porque não conseguimos ser do jeito que eles queriam que nós fôssemos.


Os embustes, quando saem de cena, esperam que a gente junte nossos cacos e tente remendá-los silenciosamente. É justamente esse silêncio que almejo romper ao contar minha história. Uma relação não é abusiva somente se existir agressão física. Abuso psicológico nos destroça também. Darmos voz umas às outras é o que nos empodera. Conte suas experiências com embustes também. Dê voz a si mesma, do mesmo modo que você está me dando voz ao escolher "ouvir" o que tenho para compartilhar.


Acho crucial deixar claro que esse meu discurso não tem a intenção de nos vitimizar como se estivéssemos isentas de cometer nossos próprios erros também. Também não estou querendo crucificar homem algum só por não nos amar de volta ou por não corresponder nosso ideal de par perfeito. Ninguém é obrigado a amar a gente quando não é isso o que a pessoa de fato sente. Ninguém é obrigada a ficar com a gente se tiver perdido a vontade de ficar. As pessoas têm o direito de mudarem de ideia também. Não são desses tipos de caso que estamos falando.


A gente está falando de caras que têm consciência de que não nos amam, mas olham nos nossos olhos e se declaram. Estamos falando de caras que deliberadamente contam mentiras de diferentes níveis de gravidade nos enredando nessa ficção, e quando você se dá conta de que caiu na rede deles e que tudo o que você estava vivendo era uma ilusão, você tem sérias dificuldades para cair fora. Afinal, mesmo já sabendo que ele não te ama, ele vai tentar de novo olhar nos teus olhos e dizer que te ama. E é tão bom ouvir isso dele quando você está genuinamente apaixonada pelo personagem que ele criou pra te conquistar!


Você vai ignorar os gritos da sua razão mandando você tomar vergonha na cara e dizer pra ele enfiar esse "eu te amo" naquele lugar. Você vai se apegar a essas três palavrinhas e se convencer de que no fundo deve ser verdade, senão ele não estaria olhando nos teus olhos e proferindo tais palavras com tanta convicção. Você vai começar a achar  que talvez você esteja enxergando coisas que não existem, interpretando errado o comportamento dele. Você vai chegar ao cúmulo de pensar se não é você quem está sendo egoísta ao não entender que esse é o jeito dele de amar e que cada um ama como pode. As pessoas amam à sua maneira, afinal, ninguém pode dar o que não tem pra dar. E assim a gente vai criando desculpas pra tolerar o que nos machuca e manter a esperança viva. E o nosso coração, como fica?


Sequestrado pelo embuste, nosso coração fica mantido como refém. O embuste vai torturando-o à medida que não jogamos seu joguinho como ele espera, e quando a tortura beira o insuportável, o preço a se pagar para que o sequestrador do nosso coração pegue mais leve são pedacinhos da nossa auto-estima, a qual vamos lhe entregando a prestações. Quando não sobrar mais nada, é quando o embuste vai cair fora.


E o meu embuste, gente, sequestrou meu coração facinho. Ele se aproximou como quem queria só amizade, se fazendo de gringo, com aquele inglês fluente de nativo americano, jeito de intelectual sofrido, sempre em crise existencial, sujeito desconstruído, engraçado, um espírito livre, desprendido de coisas materiais, amante da natureza, super bem educado, dono de um bronzeado sexy que ganhou surfando, corpo atlético e carinha de Ryan Gosling com um quê latino. Minhas amigas diriam pra vocês nesse momento que estou delirando ao compará-lo fisicamente com o Ryan Gosling. Diriam que ele está mais pra irmão feio do Ryan. Ou pra Ryan depois das drogas, rs.


Esse embuste encantador mentia sobre o próprio nome. E aqui estou, já soltando um spoiler antes de dar início aos 50 motivos que me levaram a classificá-lo como embuste-mor. Ele tem um nome em português, mas usa uma versão em inglês do seu nome para reforçar seu perfil de "gringo". Por exemplo: poderia ser um João que diz se chamar John. Ou um Mateus que diz que se chama Matthew. Poderia ser um Raimundo que se apresenta como Raymond. Para não revelar a identidade desse embuste, não por solidariedade a ele, mas por precaução, já que não quero ser processada nem inspirar qualquer outro tipo de retaliação por parte dessa criatura que exibe sinais de psicopatia, vamos nos referir a ele como Ricardo Ernesto da Silva, pseudo-gringo que diz se chamar Richard Van Otto.


Vamos agora aos 50 motivos pra eu ter me livrado de um embuste como esse! Vem comigo!




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