top of page
  • Juliana Rocha

Capítulo V

Atualizado: 10 de set. de 2019

Ainda gosto dele. Sinto uma falta enorme da sua companhia. Mas de quem é que eu gosto? De quem sinto falta? À medida que compartilho com vocês os motivos que me levaram a cortar esse embuste da minha vida, fica cada vez mais claro pra mim que esse sentimento e essa saudade que doem no meu peito não são pelo Ricardo Ernesto, mas sim pelo "Richard Van Otto".


Como vocês bem sabem, o "Richard" é um personagem que o Ricardo criou e encenou. Sentir falta do personagem é como se apaixonar pelo Mr. Darcy de "Orgulho e Preconceito" ou pelo Christian Grey de "50 tons de cinza". Posso querer estar com ele, mas é impossível. Afinal, trata-se de alguém que não existe na realidade. Quem de fato existe é o Ricardo Ernesto, e do Ricardo eu não gosto. De quem mente, manipula e ilude, eu definitivamente não gosto.


Quando estávamos prestes a ter nosso primeiro momento de intimidade, o "Richard" deixou claro que eu não poderia mais adiar minha decisão quanto ao aspecto "aberto" da nossa relação. Ele não queria me levar pra cama correndo o risco de me magoar logo depois. Ele não queria que tivéssemos nossa primeira vez sem que as regras do jogo ficassem claras. Se eu não estivesse de acordo, não poderíamos ir adiante. Que homem dotado de intenções transparentes, sensibilidade e empatia, não é mesmo?


Quando aceitei o aspecto "aberto" dessa nossa relação, confesso que eu não estava muito segura da minha decisão, não. Estava com muito medo de estar fazendo a maior burrada da minha vida. Eu sabia que quanto mais emocionalmente envolvida eu ficasse, se tornaria cada vez mais insuportável a ideia de que ele poderia estar se relacionando sexualmente com outras garotas. Não sei se vocês pensam da mesma maneira, mas eu penso assim: se o cara não quer ficar só comigo, é porque ele acha que não sou o melhor que ele pode conseguir por aí. Essa é uma crença problemática, que potencializa a insegurança e o ciúme. Mas também é uma ideia que não consigo tirar da minha cabeça.


Estou ciente de que a única pessoa pra quem preciso ser boa o suficiente é pra mim mesma. Quem gostar de nós como somos, que se junte a nós, mas quem achar que um acordo de exclusividade com a gente não vale a pena, que siga seu caminho — tchau e benção—, ao invés de ficar atrasando nossa vida, certo? Mas quem disse que é fácil traduzir essas pérolas de sabedoria em ações no nosso dia-a-dia? Seguimos sofrendo toda vez que descobrimos que não somos o suficiente justamente pras pessoas que são mais do que suficientes pra nós.


Eu estava entrando numa relação aberta com a esperança de que o "Richard", no futuro, descobrisse que eu lhe bastava. Mas e se ele nunca me visse dessa maneira? Ou pior: e se ele se apaixonasse por uma das outras garotas com quem viesse a ficar e justamente com ela sentisse vontade de ter uma relação monogâmica e tradicional? Eu seria descartada facilmente, porque não importa o quão bonito era o discurso dele sobre responsabilidade afetiva, ninguém é obrigado a continuar numa relação em que não deseja estar mais. Ele não estaria errado por me trocar por outra. Mesmo assim, eu bem sei que ficaria mal com isso. Como a maior responsabilidade afetiva que precisamos ter é com a gente mesmo, valeria a pena então eu escolher embarcar numa relação em que o nível de comprometimento da outra pessoa comigo nunca ficaria muito claro?


Até mesmo numa relação monogâmica tradicional há possibilidade do cara conhecer outras mulheres, se apaixonar por uma delas e largar a namorada, afinal de contas, ele não está morto pro mundo só porque está namorando. E se for infiel, vai atrás de outras deliberadamente. Mas ainda acho que a relação aberta aumenta muito mais as chances da gente ser descartada, porque esse tipo de relação dá total carta branca pro cara procurar outras garotas. Ele não precisa nem mesmo se dar ao trabalho de fazer isso escondido. E enquanto eu estava problematizando todos esses riscos implicados numa relação aberta com o “Richard”, eu nem imaginava que esse embuste já tinha uma namorada oficial, a tal da coreana, a quem ele estava sendo infiel.


O que, no fim das contas, mais levei em consideração na minha decisão foi o discurso do próprio "Richard". Lembram que ele havia argumentado que é hipocrisia de uma pessoa aparentar ser mente aberta, mas, ao mesmo tempo, tomar decisões orientadas por valores conservadores? Era hora, portanto, de eu parar de ser hipócrita! É tanta gente mentindo sobre ser fiel ao parceiro! É tanta gente fingindo acreditar na fidelidade do outro! Não seria melhor estar numa relação aberta onde não haveria necessidade de mentiras sobre fidelidade? Não sabia se conseguiria lidar com o meu lado possessivo em relação a quem eu gosto, mas por que não tentar? Eu não queria mais ser hipócrita! E como vocês já sabem, eu tinha a esperança de que futuramente ele percebesse que somente eu lhe bastava. Pois bem, foi assim que decidi me jogar no precipício e ver se a cama elástica apareceria milagrosamente lá embaixo.


Deixei claro pro “Richard” que eu aceitaria sim estar numa relação aberta, mas somente se ele concordasse em não me contar que ficou com outras garotas e se esforçasse pra evitar que essas informações chegassem até mim. Hoje reconheço que eu estava basicamente pedindo que ele fingisse ser fiel! Tomei a decisão de embarcar numa relação aberta pra não ser hipócrita e adivinhem só o que eu estava sendo com a minha condição? Hipócrita!!! E inteligente como ele é, com certeza percebeu que eu mesma estava me enganando, o que provavelmente lhe deu ainda mais segurança sobre o quanto seria fácil me enrolar.


Eis a resposta dele à minha condição:


— Não vejo problema em aceitar seu pedido, dear. Até porque você sabe bem que eu nem tenho dinheiro para chamar outras garotas pra sair. Já te expliquei que eu só não quero que meu livre arbítrio seja controlado por outra pessoa além de mim. Mas isso não significa que vou sair por aí dando em cima de outras e marcando de ficar com a primeira interessada que aparecer. Como é que vocês, cariocas, dizem? — lá vem o pseudo-gringo! — Não to querendo sair passando o rodo em geral, não! — ele riu, e eu ri também, porque achei engraçadinho, fofo e sexy ouvi-lo mudar do inglês pra um português carregado de sotaque, ainda mais pra falar uma gíria carioca!


Ele apoiou uma de suas mãos sobre minha coxa e com a outra entrelaçou seus dedos nos meus, e prosseguiu com o seu discurso:


— Olha, não tô querendo dizer que eu não vá ficar com outras pessoas enquanto estivermos juntos. O que estou tentando explicar é que NÃO vou ficar buscando essas situações. Mas se surgir uma oportunidade e eu sentir vontade de ficar com a garota, eu vou ficar, entende? Não vou te contar porque você está me pedindo pra não te contar. Se a escolha fosse minha, eu optaria pela honestidade, chegar e te falar, mas entendo que pra você seja melhor assim. E em respeito a você farei de tudo pra você não ficar sabendo, mas você precisa entender também que nem tudo está sob o meu controle. Se por acaso você descobrir por outros meios, você não vai poder me acusar de traição. Ah e não se esqueça que a relação não é aberta só pra mim. É pra você também. E você pode me contar se ficar com outro cara. Eu veria como algo normal. Acho que você é quem não se sentiria à vontade pra fazer isso.


Eu estava gostando dele! Pra mim ele era suficiente. Eu não queria ficar com outras pessoas. E eu cometi o erro de dizer isso a ele. Ele deve ter se achado a última Coca-Cola do deserto! Aff, como eu massageei o ego desse moleque! Ah, vocês repararam que ele disse que iria preferir ser honesto, chegar e me contar que ficou com outra garota!? Que cara de pau! Como esse embuste enchia a boca pra falar de honestidade!!! Se quisesse mesmo ser honesto, teria me contado que nem ao menos solteiro ele era! Já que estava mentindo sobre o próprio nome e toda a sua história de vida, por que não me contou sobre o seu namoro com a Chin-Sun e fingiu ter uma relação aberta com ela, justificada pela distância entre eles? Talvez se eu soubesse disso, eu não teria me permitido me envolver tanto emocionalmente.


Talvez pra ele não fosse conveniente fingir relação aberta com a namorada coreana, porque (1) eu poderia procurá-la nas redes sociais e perguntar se a relação deles era mesmo aberta; (2) sabemos que ele lançou mão de diversas estratégias pra me deixar encantada pelo "Richard", pra me fazer acreditar que eu era especial e assim me conquistar até me ter na palma da sua mão. Suponho que se ele falasse da existência da Chin-Sun, essa revelação acabaria com metade do encanto do "Richard", e aí nossa relação pós-moderna perderia a graça até mesmo pra ele. Afinal de contas, seu maior prazer consistia em encenar um personagem encantador, solteiro, a princípio emocionalmente indisponível pra toda e qualquer mulher, mas que aos poucos estava se apaixonando por mim.


Na minha ingenuidade, eu achava o discurso do "Richard" muito decente. Não parecia querer usar sua filosofia de vida pra me sacanear, pelo contrário, parecia disposto a evitar que justamente isso acontecesse. E durante nossos seis meses juntos acreditei que nossa relação pós-moderna estava funcionando bem. Até porque ele fez parecer que a relação continuava aberta na teoria, mas na prática estava se revelando monogâmica. Ele tomava a iniciativa de me falar, uma vez a cada duas ou três semanas, que até aquele momento não tinha ficado com nenhuma outra garota além de mim.


Você não leu errado, não. É isso mesmo. Ele, por livre e espontânea vontade, ficava anunciando que eu era a única garota com quem ele mantinha relações íntimas desde que nos conhecemos. Imaginem a minha felicidade por achar que minha esperança de ser a única em sua vida estava se tornando realidade!


Lembro bem — mais uma vez, bem até demais — de um momento muito fofo que rolou justamente quando ele decidiu tocar de novo nesse assunto, depois que tínhamos nos desentendido por outra coisa:


— Não me olha com essa carinha de zangada não, dear. Quer ver eu te deixar de bom-humor de novo? — e me puxou pra ele, me abraçando por trás, vindo sussurrar próximo ao meu ouvido. — Cê sabe que eu tenho ficado só com você desde que te conheci. — e me beijou assim que virei a cabeça pra olhar pra ele.


Em seguida, colocou a mão direita na cintura e, fazendo a voz do "Ricky", aquele seu alter ego gay afeminado, me disse:


— Viada, teu feitiço é dos bons! Me ensina como deixar uns bofes vidrados só em mim, ensina!


Como eu só conseguia rir, ele começou a fazer cócegas em mim pra me fazer rir mais ainda

e continuou falando com a voz do "Ricky":


— Fala seu segredo, dear!


Motivo #09: Eu só queria entender por que uma pessoa se dá ao trabalho de fazer todo um discurso sobre ser um espírito livre e tentar me convencer a aceitar uma relação aberta, se depois ele iria mentir descaradamente sobre não estar ficando com nenhuma outra garota além de mim desde que nos conhecemos! E ainda faria dessa mentira algo fofo a ser declarado de tempo em tempo pra ficar me iludindo!


Se iria mentir sobre não ficar com nenhuma outra garota quando ficava sim com outras, por que não seguiu o combinado e apenas não tocou nesse assunto? Qual a necessidade de mentir sobre isso, se eu já havia aceitado uma relação aberta e eu mesma nunca lhe fazia perguntas a esse respeito?


Era pra fazer parecer que, se podia ficar com outras garotas, mas escolhia não ficar, ele só poderia estar se apaixonando por mim. Às vezes me bate a dificuldade de acreditar que tudo isso foi manipulação consciente e intencional da parte dele. Mas quando lembro que ele se revelou um talentoso ator de telenovela, do tipo que olha dentro dos seus olhos e manda aquele "eu te amo" que faz você se esquecer até mesmo dos motivos de uma briga, o ranço por ele vem logo à tona. Quanto mais me dou conta de que os discursos e atitudes do "Richard" eram permeados por estratégias maquiavélicas e manipuladoras do seu intérprete, maior se torna o nojo que sinto pelo Ricardo Ernesto.


Como eu fiquei sabendo que ele ficou com outras garotas se no período em que estávamos juntos ele e a coreana não se reencontraram? A minha descoberta se deu através da irmã dele. Comecei a falar com ela através do Instagram mais ou menos um mês depois de terminar com o Ricardo. Nós logo nos tornamos amigas. Atualmente nossas conversas raramente possuem o irmão dela como tema. Saímos juntas, papeamos sobre mil e um assuntos aleatórios e ainda somos confidentes uma da outra. Impressionante como ela e o irmão que moram sob o mesmo teto, porém mal se falam, são o oposto um do outro em se tratando de caráter, valores morais e sinceridade.


A irmã dele se chama Elisabeth, mas seus amigos a chamam de Elisa, e é assim que eu a chamo também. Ela tem dezenove anos e está estudando pra prestar vestibular pra Direito. Elisa não tolera mentiras. Ela mesma já se prejudicou por causa de mentiras que o irmão mais velho contou pros pais. Ele não poupa nem mesmo a irmã do seu mal-caratismo. Foi ela quem me contou que em janeiro deste ano, quando eu e ele ainda estávamos juntos, Gabriel, o irmão mais novo deles, encontrou um bolo de cabelo comprido e loiro de mulher no ralo do chuveiro no banheiro do Ricardo. Não tinha como ser meu. Nessa época eu estava com o cabelo tingido de ruivo.


Todas as minhas idas à casa do "Richard" aconteceram em dias de domingo, porque era o dia em que seus pais e irmãos viajavam pra Teresópolis e passavam o dia lá. Sua família possui uma casa na serra onde criam galinhas e codornas, cultivam uma horta e cuidam de várias árvores frutíferas. Era muito comum o Ricardo não acompanhá-los, ou porque iria trabalhar como atendente naquele quiosque na praia da Barra, ou porque queria aproveitar o silêncio da casa pra ler, estudar e escrever a dissertação do mestrado, ou porque aproveitaria a casa vazia pra me levar pra lá. Quando eu ia, passávamos o dia fazendo companhia um pro outro, ora só conversando, ora vendo Netflix juntinhos. Houve vezes em que nos deitamos no tapete da sala, cada um com o seu livro, e ficamos horas em silêncio lendo. Em todas as vezes que estive lá a gente aproveitou também pra deixar rolar nossos momentos íntimos no seu quarto.


Por um lado, era muito bom poder estar na casa dele, só nós dois. Quando ele ia pra minha casa, raramente conseguíamos ter privacidade. Era muito bom não precisar depender só da cama do motel pra expressar nossos desejos um pelo outro. Mas confesso que nós dois preferíamos quando desfrutávamos da nossa intimidade no motel, porque ele claramente se sentia mais à vontade lá. Havia um problema quando estávamos na sua casa, não importa o que estivéssemos fazendo: ele sempre ficava aflito com a probabilidade de que fios do meu cabelo caíssem pela casa.


Sua mãe e irmã possuem cabelo longo, mas da cor castanho escuro. Se alguém da família achasse cabelo vermelho caído por lá, isso levantaria suspeitas e criaria problemas sérios pro Ricardo, como decepcionar os pais por estar se envolvendo com uma garota que eles não conheciam, ser proibido de ficar em casa sozinho aos domingos e consequentemente ser obrigado a ir pra Teresópolis quando ele não quisesse ir. Isso seria ruim pra sua necessidade de sentir-se livre, pra escrita da dissertação, bem como pra nós dois.


É por isso que ele me pedia pra ir pra casa dele com o cabelo preso num coque, e eu sempre atendia o seu pedido. Eu concordava que precisávamos ser cautelosos. Uma vez até varremos a cozinha, porque rolou um momento de intimidade lá e ele, na empolgação, acabou soltando o meu coque. Mas toda vez que eu passava a mão no meu próprio cabelo enquanto a gente conversava ou via Netflix, ele logo reclamava do meu ato involuntário, e eu pedia desculpa pelo que fiz sem querer. Eu juro que, na maior parte do tempo, eu estava empenhada em colaborar com a missão de não deixar rastros pra sua família não perceber que havia uma garota frequentando aquela casa aos domingos.


A Elisa me contou que num domingo à noite em janeiro ela chegou de Teresópolis e foi direto tomar um banho. Como tinha que lavar a cabeça, acabou demorando muito. Seu irmão de onze anos estava com muito sono e sem paciência alguma de esperá-la liberar o banheiro. Ciente de que o Ricardo não estava em casa naquele momento, ele foi checar se o irmão mais velho havia deixado a porta do quarto destrancada. Ao girar a maçaneta, a porta se abriu, e o que foi que ele fez? Foi usar o banheiro do irmão pra tomar banho logo.


Quando a Elisa saiu do banheiro do andar dos quartos — só quem tem suíte são seus pais e o Ricardo —, Gabriel estava sentado no chão do corredor, com a cabeça encostada na porta do quarto do Ricardo quase cochilando. Elisa o chamou:


— Acorda, Gabriel. Sua vez de tomar banho.


Ele abriu os olhos assustado e falou:


— Elisa, volta aqui! Preciso te mostrar uma coisa.


— O quê?


— Eu descobri que a porta do quarto do Ricardo está aberta... Eu ia tomar banho no banheiro dele, mas desisti. Vem cá ver que nojento tá o boxe...


— Tá doido, menino? Quero ver nada, não. Você nem deveria ter entrado lá.


— Mas é cabelo de mulher loira. Se a mamãe ver isso, vai brigar tanto, que vai sobrar até pra gente. Quando o Ricardo faz besteira, sempre sobra pra gente.


Elisa tranquilizou o Gabriel e garantiu que ela mesma entraria no banheiro do Ricardo e limparia tudo. E lá foi a Elisa, com papel higiênico na mão, remover o emaranhado de cabelo loiro que estava preso no ralo, antes que sua mãe decidisse entrar lá e achasse aquilo. Quando ela me contou essa história, fiquei arrasada. Aquele domingo de janeiro foi durante minha viagem de duas semanas pra Colômbia, e quando eu retornei, ele me disse, por livre e espontânea vontade como vocês já sabem, que ele não tinha ficado com ninguém enquanto eu estava viajando. Disse isso logo depois de expressar o quanto estava com saudades de mim. Mas pelo visto a verdade é que ele ficou com pelo menos uma garota, a tal loira, e ainda por cima a levou pra dentro da sua casa, e com ela não teve a mínima preocupação de esconder os vestígios de sua presença.


Não dá nem pra dar o benefício da dúvida e cogitar que a loira era apenas uma amiga que foi visitá-lo e precisou tomar um banho antes de ir embora porque o calor do verão de 40 graus do Rio de Janeiro era o único motivo pra ter ficado toda suada. A irmã dele, que não é trouxa, foi checar a lata de lixo do banheiro e avistou duas camisinhas usadas. A Elisa até fez umas bolinhas com papel higiênico limpo pra jogar na lixeira e assim esconder as camisinhas.


Comigo o Ricardo ficava extremamente apreensivo com a possibilidade dos meus fios de cabelo vermelho caírem pela casa. Mas com essa loira ele não teve a mínima cautela!?!? Bem, nem eu nem a Elisa sabemos se ele pediu à garota pra ficar com o cabelo preso durante o tempo em que ela estivesse lá, mas sabemos que ele a deixou usar o seu banheiro para tomar banho, e isso ele nunca me deixou fazer em sua casa. Será que a tal loira mexia tanto com ele a ponto de fazê-lo esquecer de coisas importantes, como limpar o banheiro depois do banho dela ou pelo menos deixar a porta do seu quarto trancada até conferir tudo? Será que com ela valia a pena o risco de ser descoberto pelos pais e comigo não!? Me senti um lixo. Me senti manipulada. Me senti otária.


Motivo #10: Ele levou uma garota loira pra casa dos seus pais enquanto eu estava viajando e transou com ela no seu quarto. Essa descoberta confirma que ele mentia pra mim sobre estar ficando só comigo. Mais uma mentira pra coleção.


Quando terminei com ele, eu só tinha descoberto algumas das mentiras. Foi depois do término que muita coisa absurda começou a vir à tona. Quanto mais eu investigava, mais a coleção das mentiras que o Ricardo Ernesto me contava ia ganhando proporções inesperadas.




563 visualizações1 comentário
bottom of page