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  • Juliana Rocha

Capítulo VII


No nosso terceiro encontro o Ricardo Ernesto tirou da sua mochila um livro. De dentro desse livro tirou um cartão postal para o qual eu olhei bastante intrigada. A cara dele naquele instante era de malícia. Ele estava curtindo fazer suspense.


— Então... Qual é a desse cartão postal aí? Posso olhar? — perguntei.


— Tá curiosa, dear?


— Não diria curiosa e sim impaciente... — comecei a fazer charminho. — Afinal, você está fazendo suspense com algo que você claramente quer me mostrar...


Ele revelou só a frente do cartão postal e pôs-se a dizer:


— Veja só, é uma imagem do Lake Tahoe na California. Muito lindo, não é? Pronto, já te mostrei, já posso guardar! — e o colocou dentro do livro e fingiu que iria guardá-lo de volta na mochila.


— Espera! Você não vai me deixar ler o que está escrito atrás do cartão?


— Então você admite que está curiosa?


— Ok, ok, admito que estou, mas só um pouquinho! — e usei meu polegar e indicador da mão direita pra gesticular que era mesmo só um pouquinho.


— Você fingindo que não tá curiosa, quando tá estampado no seu rosto que você tá morrendo de curiosidade, é a coisa mais fofa que eu já vi, sabia?


— E você é muito engraçadin... —fui interrompida por ele com um beijo carinhoso.


— A parada do cartão postal é o seguinte: quando voltei dessa minha última ida à Califórnia, escrevi atrás dele os pontos altos dessa viagem de forma bem resumida e em tópicos. Vou deixar você ler... — ele esticou a mão e me entregou o cartão. — Você vai escolher um tópico, aquele que te deixar mais curiosa, e aí eu te conto sobre esse momento da viagem com mais detalhes.


— Hummm, gostei da brincadeira! Mas e se eu quiser saber detalhes sobre mais de um tópico?


— Vai ficar querendo, porque a brincadeira consiste em você escolher um só. — piscou o olho direito e riu.


— Então não quero brincar! — voltei a fazer charminho. — Só entro na brincadeira se você me deixar escolher dois. Hein? Bora negociar isso aí, "Richard".


— Lá vem a rainha das negociações! — ele falou rindo. — Tá bem. Vem cá me dar um beijo que eu deixo você escolher dois.


A gente primeiro deu um beijo gostoso e demorado. Segundo o "Richard", a viagem pra California resumida no cartão foi uma visita ao tio americano, irmão da mãe dele, pra matar as saudades, pois quando fez essa viagem, ele já estava morando no Brasil havia um tempo. Finalmente pude ler o bendito cartão. O primeiro tópico que escolhi foi sobre os perrengues que ele mencionou ter vivenciado com o tio enquanto acamparam no entorno do Lake Tahoe.


Já o segundo tópico que escolhi foi sobre a primeira e única vez em que ele usou o aplicativo do Tinder ter sido nessa mesma viagem. "Richard" contou que, assim que começaram a trocar mensagens, ele ficou muito impressionado com a garota, uma polonesa que estava turistando pelos Estados Unidos. Eles não tinham nenhum amigo em comum e, ainda assim, a mulher parecia saber muita coisa sobre a personalidade dele e suas aspirações pro futuro. Como ele já tinha voltado da trilha no Lake Tahoe para a casa do tio em Los Angeles, marcou com a polonesa um encontro numa das praias de Malibu e pediu pro tio levá-lo até lá de carro.

Na praia, a garota lhe contou que tinha o dom da clarividência. Embora ele não acredite na existência do sobrenatural, ele ficou intrigado e deixou que ela o lesse, como se ele tivesse se transformado num livro aberto e de leitura rápida. "Richard" disse que tentou ignorar a parte sobrenatural e se concentrou em interpretar aquilo simplesmente como um papo filosófico-terapêutico que mexeu muito com ele.


A polonesa tomou a iniciativa de beijá-lo e, por mais que quisessem ir além dos beijos, não foi possível porque estavam numa praia movimentada e seu tio o estava esperando. A garota lhe deu um livro de presente e na primeira página havia uma dedicatória do tipo que só alguém que o conhecesse há muitos anos seria capaz de escrever. Ela iria voltar pra Polônia naquele mesmo dia, então se despediram e combinaram de manter contato pelo whatsapp. "Richard" contou que depois disso se falaram muito pouco, mas quando acontecia de trocarem mensagens, as coisas que a polonesa clarividente lhe dizia eram sempre positivamente impactantes.


— A gente nunca mais se viu, mas espero um dia ter a oportunidade de reencontrá-la. Ela mexe muito comigo.


Nem preciso dizer pra vocês que por dentro fiquei me mordendo de ciúmes, preciso? Mas não deixei transparecer porque eu queria muito que ele continuasse se sentindo à vontade comigo para me confidenciar mais histórias como aquela, de momentos especiais que aconteceram na vida dele.


Nos cinco encontros seguintes ele levou outros cartões postais. Eu ficava em êxtase.

Primeiro porque eu achava a ideia dinâmica, divertida, uma forma de tornar o encontro mais lúdico, sabe. Segundo porque cada história que ele me contava a partir dos tópicos que eu escolhia me proporcionava a sensação de que eu estava adentrando o mundinho dele, seu universo íntimo, conhecendo-o melhor. Me sentia privilegiada por em tão pouco tempo ter me tornado uma pessoa para quem ele gostava de se abrir por livre e espontânea vontade. E ele parecia ficar demasiadamente feliz quando tinha essas conversas comigo! Mal sabia eu que a felicidade dele não tinha a ver comigo exatamente. Ela vinha do prazer que ele sente ao mentir pra alguém que acredita em suas histórias, acha tudo incrível e ainda quer saber mais!


A Elisa me contou que na única vez em que o tio levou o Ricardo a uma das praias de Malibu durante aquela viagem ela estava junto com eles. Foram curtir a vista da praia enquanto passeavam com o cachorro do tio. Em nenhum momento o Ricardo saiu de perto deles. Não se encontrou com garota alguma, seja polonesa, seja de qualquer outra nacionalidade. A Elisa não os acompanhou nas trilhas e camping no norte da California, mas quando o tio e o irmão retornaram de lá, ela os acompanhou em todos os passeios por Los Angeles e arredores, como, por exemplo, Malibu. Ou seja, se for verdade que um dia ele já conversou e beijou uma polonesa do Tinder, dotada de poderes mediúnicos , pelo menos uma certeza temos: esse encontro não rolou em Malibu. Esse suposto ponto alto da viagem era fictício, esse tópico listado no cartão postal era uma ficção.


Vocês lembram que o Ricardo Ernesto foi à Coréia do Sul pra visitar a namorada coreana com todas as despesas pagas por ela? Então... quando ele levou pra mim o seu cartão postal de Seoul, não havia menção alguma à namorada em nenhum dos tópicos. Não havia nem mesmo menção a alguma amiga coreana. Lembram que ele havia me dito que viajou pra lá porque ganhou uma bolsa de estudos pra um curso de extensão de Filosofia? Essa mentira obviamente estava listada no cartão. Adivinhem só o que estava listado no do Egito!? A história de que foi preso por causa das bananadas confundidas com cocaína!


Motivo 21: Percebem o quanto é doentio uma pessoa pegar uma caneta e um cartão postal em branco e se dar o trabalho de escrever nele tópicos fictícios sobre a sua viagem!? Só pode ter problemas mentais alguém que se dá o trabalho de inventar certos acontecimentos e ainda levar o bendito cartão pra sua ficante ler e escolher a mentira que ele vai contar pra ela.


Concordam que isso é sinal de problemas mentais? Me recuso a acreditar que seja fruto de mau- caratismo única e exclusivamente.


Ricardo Ernesto também omitiu a presença da namorada na viagem ao Peru. Se vocês acharam que não tem como ele deixá-los ainda mais chocados, acharam errado. Escutem só a história mirabolante que ele me contou sobre essa viagem e que obviamente também estava resumida no cartão de Machu Picchu que ele levou pra um de nossos encontros.

De acordo com a sua narrativa fantasiosa, ele morou em Los Angeles durante toda a sua infância e pré-adolescência, e seus dois melhores amigos daquela época estavam planejando fazer o circuito turístico do Vale Sagrado dos Incas no Peru. Eles o convidaram alegando que seria uma grande aventura os três amigos de infância realizarem essa viagem juntos. Havia, no entanto, um empecilho: "Richard" não tinha dinheiro para acompanhá-los. Os dois americanos, Oliver e Michael, se ofereceram para pagar a viagem do amigo que, por sua vez, recusou o presente sob a alegação de que se sentiria mal com isso, como se estivesse usando-os para benefícios materiais. Olha só como o Ricardo Ernesto estava querendo pagar de santo pra mim com essa história!


Mas enfim, "Richard" contou que só acabou aceitando o presente de Oliver e Michael porque esses seus amigos sugeriram que ele interpretasse a situação da seguinte forma: eles pagarem sua viagem seria como se estivessem pagando pelo serviço que ele prestaria como intérprete, afinal de contas, ele sabe falar espanhol fluentemente, enquanto que os outros dois não sabiam falar em espanhol nada mais do que hola, buenos días, buenas noches e gracias. Como iria ajudá-los, sua consciência se tranquilizou. Não tinha mais por que se achar um parasita aproveitando-se da generosidade de amigos com boa condição financeira. E eu ainda achava que histórias como essa eram provas do bom caráter dele. Que ingênua!


Um dos tópicos que escolhi do cartão postal foi sobre a travessia da cidade de Cusco até Machu Picchu a pé. É uma trilha por montanhas andinas que leva dias! "Richard" me contou o quão incrível foi. Me explicou que uma trilha de muitos dias de duração é capaz de deixar a pessoa bastante introspectiva, proporcionando-lhe uma jornada de auto-conhecimento, mas que, por outro lado, essa trilha peruana também teve seu lado negativo: não fez ao seu corpo o mesmo bem que fez à sua "alma" por causa dos enjôos provocados pela altitude.

"Richard" contou que durante a travessia desejou muitas vezes deixar seus amigos pra trás. Eles nunca ficavam quietos. O estado introspectivo não existiu pra eles. Oliver e Michael ora estavam reclamando de cansaço, dor muscular, enjôos, sede ou fome, ora estavam imersos em conversas machistas ou simplesmente fúteis. "Richard" sabia que, por mais incomodado que estivesse, não poderia se dar o luxo de se desentender com os amigos. Não queria ser um mal agradecido egoísta que não conseguiu ter paciência justamente com as pessoas que pagaram pra ele estar ali tendo uma experiência incrível e basicamente realizando um sonho. Segundo o próprio "Richard", ter que fingir estar satisfeito com a companhia deles era pior que o teste de resistência física imposto pela altitude.


Mas pra sua sorte, ele conseguiu encontrar uma oportunidade de ficar pelo menos uma noite longe dos amigos. Em um bar em Águas Calientes, a cidadezinha que é a porta de entrada para quem vai conhecer Machu Picchu, estavam os três bebendo pisco sour, a bebida alcóolica mais típica do Peru, quando duas mulheres, uma colombiana e uma argentina, puxaram assunto com eles. À convite deles, elas sentaram-se à mesa e os cinco ficaram bebendo até bem tarde da noite.


Quando as duas garotas foram juntas ao banheiro, Oliver aproveitou pra informar aos amigos que estava cansado demais e por isso iria voltar pro hotel, mas achava que Michael e "Richard" deveriam continuar no bar. Pra ele, estava óbvio que as latinas queriam passar o resto da noite com aqueles dois. Também disse que eles seriam dois idiotas se não tomassem a iniciativa. Michael, o mais machista dos homens, surpreendeu os amigos ao declarar que não iria trair a noiva e por isso voltaria pro hotel com o Oliver. O hipócrita do "Richard" fez questão de me dizer que dessa forma o Michael ganhou o seu respeito como nunca havia ganhado. Ricardo Ernesto, o defensor da fidelidade alheia quando ele mesmo traía a Chin-Sun!


Os meninos colocaram pilha para que o "Richard" ficasse lá no bar com as gringas. Não foi difícil tomar a decisão de ficar. Estava mais feliz por se livrar dos amigos do que pela possibilidade de ficar com uma delas. Ele me disse que só de ficar bebendo, conversando e rindo com as garotas, sem Oliver e Michael por perto, já lhe parecia bom o suficiente. Nem pretendia tomar iniciativa alguma, mas elas tomaram e ele não podia negar que adorou a surpresa. Elas o convidaram para o quarto de hotel delas e perguntaram se ele conseguia dar conta das duas ao mesmo tempo. E foi assim que o "Richard" acabou fazendo um ménage com duas mulheres pela primeira vez na vida.


Ele aparentemente pretendia entrar nos detalhes, mas eu o interrompi e deixei claro que, embora eu tivesse curtido ouvir a história até ali, sobre o restante daquela noite eu não queria saber. Ele respeitou meu pedido e perguntou qual outro tópico do cartão eu iria escolher. Fiquei curiosa pra saber por que ele tinha perdido o vôo de volta pro Rio de Janeiro. Será que ele tinha sido preso de novo? Primeiro ele riu, mas logo me respondeu que dessa vez não tinha sido preso, não. O problema estava relacionado com o fato de que a companhia aérea tinha vendido um assento a mais do que o total real de assentos daquele vôo.


Por culpa dos amigos irresponsáveis que não lhe deram ouvidos, "Richard" chegou ao aeroporto muito mais tarde do que deveria. Quando finalmente conseguiram chegar na área de embarque, faltava um minuto pro portão fechar. Como os três já estavam com o passaporte e a passagem aérea na mão quando foram falar com a funcionária responsável pelo acesso ao portão, daria tempo de embarcarem. Mas antes que pudessem respirar aliviados, tal funcionária lhes deu a notícia de que só restavam dois assentos disponíveis naquele vôo por causa de um erro da própria companhia aérea. Um dos três não poderia embarcar naquele momento. Teria, portanto, que esperar o próximo vôo. A mulher garantiu que quem ficasse receberia toda a assistência possível da companhia.


"Richard" voluntariou-se para ficar. Parecia-lhe justo. Não foi por sua culpa o atraso, mas foram os amigos que pagaram por aquele vôo. De certa forma estava ali a serviço do Michael e do Oliver. "Richard" despediu-se deles rapidamente enquanto a funcionária ameaçava fechar o portão. Mas os três iriam se encontrar de novo no Rio. Os americanos ainda iriam ficar uns dias na sua casa.


Assim que eles se foram, "Richard" foi pegar seu celular pra avisar aos seus pais o que havia acontecido. Estava procurando-o quando se lembrou que tanto o seu celular quanto sua carteira haviam ficado na mochila do Michael. Que azar! Em sua própria mochila só havia um casaco e dois livros. A companhia aérea de fato o realocou num outro vôo, mas ele ainda teria que esperar dezesseis horas pra embarcar. A companhia não lhe prestou nenhuma grande assistência conforme prometido, mas pelo menos lhe deu um vale de cinquenta dólares com o qual pôde fazer duas refeições e comprar duas garrafas de água até a hora do novo vôo.


Ele contou que fez amizade com um senhor boliviano que se sentou ao seu lado na sala de espera. Usou o celular dele e o wifi do aeroporto para entrar em contato com a sua mãe. Não queria que ela se desesperasse ao ver Michael e Oliver desembarcando no Rio e ele não. Até os meninos explicarem o que aconteceu, sua mãe poderia já ter surtado de preocupação. Depois de conversar com ela e lhe garantir que estava em segurança e bem alimentado, a preocupação se foi e pôde finalmente apreciar aquelas muitas horas de espera que tinha pela frente como algo bom. Ele poderia passar esse tempo lendo seus livros.


— Me dê comida, água e um livro que não tem como eu não ser feliz! — ele declarou com brilho nos olhos.


Que imaginação que esse Ricardo Ernesto tem, não é mesmo?


Motivo 22: Ricardo não foi pro Peru com dois amigos americanos coisa nenhuma! Oliver e Michael nem mesmo existem. São invenções da sua cabeça. Na verdade, ele fez essa viagem com a Chin-Sun e com a irmã dela. Imaginem meu choque meses depois de ter ouvido e acreditado nessa história, quando me deparei com fotos no Facebook da coreana! Ricardo também não perdeu vôo algum! Não dá nem mesmo pra dizer que ele ter ficado sozinho no aeroporto à espera do próximo vôo era uma meia verdade, como se apenas tivesse trocado em sua história as duas coreanas por dois americanos. A Elisa me confirmou que ele voltou do Peru com a namorada e a cunhada, no mesmo vôo que elas.


E como ele pode ter tido uma aventura sexual com duas latinas se na verdade a namorada dele, aquela que acredita estar numa relação fechada e monogâmica, estava lá na viagem o tempo todo sem desgrudar dele?


Motivo 23: Ricardo inventou que fez um ménage com uma colombiana e uma argentina durante sua estadia no Peru.


Eu até cheguei a cogitar que talvez o ménage tivesse rolado com a própria coreana e mais uma garota que tinham conhecido na viagem. Mas do ponto de vista da Elisa que conhece bem a Chin-Sun, ela nunca teria aceitado dividir o namorado com outra mulher, ainda mais na presença dela. Elisa alegou que a coreana não só é apaixonada demais pelo Ricardo Ernesto, como também tem um pensamento muito conservador. Elisa levantou outra hipótese:


— Ju, quando você falou do ménage que ele supostamente fez com uma colombiana e uma argentina, na mesma hora lembrei que houve uma época em que ele falava muito lá em casa de duas gringas com essas mesmas nacionalidades! Eles trabalhavam juntos em eventos em Copacabana. Ele e a colombiana eram garçons, já a argentina ficava na porta do evento recebendo os convidados, ou algo assim. Será que o meu irmão fez ménage com elas e fingiu que essa experiência aconteceu no Peru? Ou do jeito que ele é mentiroso, esse ménage pode nunca ter acontecido nem mesmo no Rio e não passar de uma fantasia da cabeça dele mesmo.


— A gente nunca vai saber a verdade. Mas convenhamos que não importa se o ménage é cinquenta por cento ou cem por cento mentira. O que importa aqui é a constatação de que não houve ménage no Peru, o perrengue no aeroporto não aconteceu, ele escondeu o fato de que fez essa viagem com a namorada, criou personagens pra essa história, e encheu tanto o cartão postal quanto os meus ouvidos com mentiras... Por quê? Pra quê? Não consigo digerir coisas que não consigo compreender...


Mas tem uma coisa que compreendo bem: que seus cartões postais são uma jogada de mestre! Ninguém nunca duvidaria da veracidade de uma história que a pessoa registrou por escrito num cartão postal! Até porque a gente pressupõe que a pessoa já tinha escrito aquilo muito antes de nos conhecer. Me dá muita revolta constatar que esses cartões que ele levava pros nossos encontros era somente mais uma das suas estratégias de manipulação e que eu caía nessas armadilhas sem desconfiar nem mesmo um pouquinho sequer.


Vocês certamente já notaram que descobri muitas coisas através da Elisa, mas se engana quem acha que descobri sobre a namorada coreana através dela. Quando terminei com o Ricardo Ernesto, foi porque descobri sobre três mentiras de uma vez. Duas foram a questão do nome falso e a história do mestrado. A terceira mentira revelada tem a ver com a primeira desconfiança que eu senti em relação a ele. Demorou seis meses, mas finalmente o meu sexto sentido funcionou. Que desconfiança foi essa? Aguardem, que ainda teremos um capítulo só sobre isso!!!


Voltando à Elisa, eu fiz contato com ela pela primeira vez somente três semanas depois do término. Foi com uma garota de Brasília, chamada Alice, que eu entrei em contato logo na minha primeira semana de fossa. Foi ela quem trouxe ao meu conhecimento a existência da Chin-Sun. Foi graças a essa Alice que descobri o facebook da coreana e me deparei com a informação de que ela estava em um relacionamento sério com Ricardo Ernesto! Pra minha surpresa, ele tinha um perfil no facebook com o seu nome verdadeiro!!! Mas era uma conta privada. Foi através do face da Chin-Sun mesmo que eu tive acesso a dezenas de fotos dela com o Ricardo.


Estavam se beijando na foto de capa. Primeira facada. Fotos dos dois juntos no Brasil, no Peru, no Chile, na Coréia do Sul e na Alemanha. Algumas fotos do admirável casal com a família dela, algumas com a família dele. Havia fotos muito românticas. Havia fotos com caretas, descontração e risadas. Cada imagem era uma facada no meu peito. Eu tinha me apaixonado por uma farsa. Fui feita de palhaça. Ele muito provavelmente não sentia absolutamente nada por mim. Quando isso passou pela minha cabeça, me perguntei em meio às lágrimas: "E será que ele sente algo verdadeiro por ela??? Quem ama não engana. Se engana, é porque não ama".


A minha primeira melhor decisão tinha sido a de terminar com ele. Mas a segunda melhor com certeza foi entrar em contato com a Alice. Quem é essa Alice? O que ela tem a ver com o Ricardo? Por que decidi mandar mensagem privada, via instagram, pra uma garota de Brasília que nunca ouviu falar de mim na vida dela? E pra quê? O que eu esperava ganhar com isso? Essa tour eu já vou contar pra vocês no próximo capítulo!

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