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Capítulo VIII

  • Juliana Rocha
  • 10 de set. de 2019
  • 24 min de leitura

Atualizado: 10 de set. de 2019



Quando nos conhecemos pessoalmente, Ricardo tinha acabado de voltar de um congresso de Arqueologia em Brasília. Vocês recordam que nós fomos a um foodtruck perto da minha casa e eu até dividi meu refrigerante e a minha batata-frita com ele porque esse embuste tinha ido ao nosso primeiro encontro sem um centavo no bolso? Agora vou contar pra vocês uma das histórias que ele me contou naquela noite.


Todo congresso tem uma festa de encerramento no último dia. Ele já tinha comentado comigo pelo whatsapp que iria a essa festa por uma única razão: pedir desculpas a uma amiga. Mas não tinha me contado a história por trás disso. Então pessoalmente, perguntei se ele tinha conseguido se desculpar.


— Falei com ela, sim. Ela me ouviu, aceitou minhas desculpas e só. Não me deu abertura nem pra perguntar se curtiu o congresso, mas já tô satisfeito. O que importa é que agora posso ficar tranquilo. Página virada.


Eu estava intrigada, doida pra saber o que havia acontecido entre eles pra culminar num pedido de desculpas da sua parte. Como estávamos ali pra nos conhecer melhor, resolvi perguntar. Ele, por sua vez, me contou sua versão da história sem titubear:


— Essa amiga estuda Arqueologia na UnB em Brasília, mas nós nos conhecemos em 2016 num congresso em São Paulo. Eu e a Alice — esse é o nome dela, aliás — ficamos pela primeira vez na festa de encerramento daquele congresso e depois mantivemos contato pelo whatsapp. Ela namorava um cara bissexual, e esse namoro era um relacionamento aberto. Eu achava estranho o cara ser bissexual, mas o caráter aberto da relação eu achava fascinante! Eu gostava muito de ouvir sobre a dinâmica do relacionamento deles. Eu tenho um carinho muito grande por ela, sabe. A Alice não vinha ao Rio com muita frequência, mas toda vez que vinha, a gente saía. A última vez que nos vimos, antes da gente se reencontrar no congresso desse ano [2018], foi num congresso que aconteceu aqui mesmo no Rio no ano passado [2017]. Ficamos várias vezes durante a semana do congresso, mas eu não pude ir à festa de encerramento porque eu tinha que fazer as malas. Eu ia pegar o vôo pra Coréia dois dias depois. Fiquei sabendo que naquela festa ela ficou com um cara da minha turma da faculdade. Eu nem tinha amizade com esse cara, até porque ele é bastante arrogante, mas nem liguei. Não havia exclusividade entre nós. A essa altura ela já tinha terminado com o namorado bissexual, mas o que havia entre nós continuava sendo casual. Por isso eu não entendo por que ela ficou chateada comigo quando viu um vídeo de uma coreana aleatória me beijando numa balada, sabe. Não fazia sentido ela ficar chateada por eu ter beijado uma garota lá na Coréia se, antes disso, ela mesma tinha ficado com um cara da minha faculdade. — ele parecia bem triste e chateado com essa história.


Era nosso primeiro encontro e naquele momento eu ainda não tinha conseguido avaliar se eu estava mesmo atraída por ele. Não sabia se iria querer beijá-lo no final do encontro caso ele quisesse me beijar. Mas eu soube muito bem identificar o ciúme que eu já estava sentindo daquela tal de Alice. Deu pra perceber que ele se importava muito com o afastamento dela.


— E que vídeo foi esse que a Alice viu? Foi você quem postou? — eu perguntei.


— Não fui eu quem postou, não. A verdade é que eu nem percebi que a coreana fez um vídeo da gente se beijando. Eu estava bêbado. No dia seguinte quando vi o vídeo na internet, fiquei revoltado. Não gosto de expor minha vida em redes sociais e lá estava eu marcado nesse vídeo pra todo mundo do meu facebook ver, inclusive meus pais que são muito conservadores. Esse foi um dos motivos pelo qual eu deletei o face. Pelo menos no instagram não tem ninguém da minha família tomando conta da minha vida. Mas enfim, eu removi a marcação no vídeo, mas já era tarde demais. A Alice tinha visto o vídeo. Sei que ela assistiu porque deixou um like irônico na postagem. Depois disso nunca mais falou comigo. Mandei mensagens pra ela em dias diferentes, todas visualizadas, porém não respondidas. Ela não chegou a me bloquear. Só me ignorava solenemente mesmo. Até comentários que eu fazia nos stories dela ficavam sem resposta. Chegou uma hora em que eu desisti, porque me conscientizei que eu tinha que respeitar o seu espaço, a sua decisão. Mas desde então fiquei aguardando a oportunidade de estar cara a cara com ela pra dizer que eu sentia muito por tê-la magoado.


— Poxa, muito triste tudo isso, "Richard". Super entendo o quanto é frustrante quando uma pessoa com quem a gente se importa fica chateada com a gente, a ponto de nem mesmo querer conversar sobre o motivo, ainda mais quando acreditamos que não há motivo pra ela estar chateada. Sem conversar não tem como resolver as coisas. É horrível. A gente se sente mal como se fôssemos realmente culpados.


— Pois é. Por isso que eu pedi desculpa. Não acho que eu tenha feito algo errado, até porque foi ela quem ficou com outra pessoa primeiro já sabendo que algum amigo meu iria me contar. Mas se o que eu fiz a magoou, prefiro pedir desculpas. Detesto magoar as pessoas. Não quero mais me sentir mal com essa situação. Pedi desculpa. Ela aceitou. Página virada.


Eu nunca poderia ter imaginado que ele estava distorcendo a história real toda e que essa suposta coreana aleatória que ele beijou numa balada em Seoul era, na verdade, sua namorada e a patrocinadora da viagem. Eu, trouxa, acreditando em tudo que ele falava, perguntei inocentemente:


— Será que essa Alice se deu conta de que estava apaixonada por você justamente quando te viu beijando outra garota no vídeo?


— Não sei. Pode ter sido isso. Ela pode ter se dado conta de que estava se envolvendo emocionalmente e decidiu se afastar. Nesse caso, não querer mais contato comigo teria mais a ver com os sentimentos dela do que com o que eu fiz na viagem... É, isso faz sentido. Boa hipótese. Você é boa nisso.


— Em quê?


— Em tentar decifrar o que se passa na cabeça de outra mulher. Sensata, você.


— Ah, nem é pra tanto. Só ofereci uma explicação plausível pro afastamento dela. — minha hipótese era tão furada, eu estava tão enganada, que não é possível que ele não tenha rido diabolicamente em sua cabeça quando me chamou de sensata.


— De qualquer forma, página virada. A Alice agora está namorando um outro cara, super boa pinta, aliás. Eu a vi interagindo com ele na festa. Ela parecia estar muito feliz.


— Ele estava junto dela quando você foi pedir desculpa? — olhem só eu, toda curiosa. Ele deve ter percebido logo que eu seria uma ótima ouvinte pras histórias fabricadas pela mente doentia dele.


— Não estava, não. Me aproximei dela quando a vi sozinha com as amigas, porque... E se ele fosse ciumento? Eu não queria correr o risco de ser o pivô de uma briga entre eles.

Essa foi a história que iniciou meu encantamento pelo caráter e bom coração que o "Richard" parecia ter. Como eu sou do tipo que prefere pedir desculpa, mesmo sem ter feito algo de errado, só pra fazer logo as pazes com a pessoa que parou de falar comigo e fazer ficar tudo bem de novo, achei incrível descobrir que o "Richard" também era esse tipo de pessoa. Ali nasceu uma admiração forte por ele. Mas assim como os meus sentimentos, essa admiração era fundamentada em mentiras e versões distorcidas de fatos reais.


Motivo #24: Ricardo me contou sobre a Alice, uma ex-ficante que, ao cortar o contato entre eles, o deixou super arrasado, mas omitiu pra mim — propositalmente, é claro — que ele a tinha enganado. Através da sua versão distorcida dessa história, o embuste pintou sua imagem de injustiçado. Apresentou-se como um injustiçado virtuoso, por fazer parecer que tinha humildade suficiente pra ir até ela e lhe pedir desculpas, mesmo quando supostamente não havia feito nada de errado.


Logo depois que terminei com o "Richard" por causa das três primeiras mentiras que descobri e que até então eu achava que eram as únicas, eu não conseguia parar de assistir nos meus pensamentos vários dos momentos que vivemos juntos, fossem eles bons ou ruins. Repassei na minha cabeça diversas conversas nossas e comecei a questionar a veracidade de inúmeras histórias dele. É óbvio que o nosso primeiro encontro não ficou de fora dos "filmes" que eu ficava re-assistindo na minha cabeça. E assim que relembrei a história que envolvia a tal da Alice, não consegui mais parar de pensar nela.


Como naquele momento eu já sabia que ele era capaz de mentir sobre o próprio nome, sobre a vida acadêmica e coisas mais graves, capaz inclusive de chorar por parente que ele inventou que estava entre a vida e a morte no hospital, cogitei a possibilidade da Alice não ser a louca que, mesmo ciente da não-exclusividade entre os dois, havia parado de falar com ele por ciúme. Comecei a pensar que talvez a Alice tivesse descoberto várias mentiras dele. Até porque eu queria desesperadamente acreditar que eu não fui a única garota pra quem ele mentiu. Eu precisava entrar em contato com a brasiliense.


Passei quase uma semana inteira com essa ideia martelando na minha cabeça. Eu precisava de respostas claras pra perguntas que eu nem sabia quais eram. Que agonia! Não sabia o que fazer pra esquecer que o Ricardo Ernesto existia. Pensar nele despertava algo que começava a esmagar meu peito. Parecia que eu estava prestes a sufocar. Era como se eu estivesse tendo sucessivos ataques de pânico. Ter que disfarçar meu estado deplorável no trabalho era ainda mais doloroso. Eu tinha que fingir estar bem e dar aula normalmente como se eu estivesse seguindo em frente, inabalável. Parecia que eu estava me igualando a ele. A Juliana professora feliz, sorridente, bem disposta e animada em sala de aula era uma farsa. Uma máscara invisível escondia que o meu eu interior estava deitado no chão frio, abraçando as pernas dobradas contra o peito, chorando copiosamente. Me sentia uma bosta ao invés de aceitar que era ele o bosta da história. A angústia era tanta que, por fim, me decidi: eu iria falar com a Alice de uma vez por todas.


Aquela não foi a primeira vez que entrei no perfil dela no instagram. Eu já o tinha procurado muito antes, por curiosidade de ver quem era essa ex-ficante dele. Eu tinha entrado na lista de quem ele seguia, digitado Alice, entrado na página de cada uma das poucas Alices seguidas por ele e visto qual delas estudava Arqueologia e morava em Brasília. O perfil da Alice certa não era conta privada, graças a Deus. Na época constatei que, embora ela não curtisse nenhuma foto do instagram dele, o "Richard", por sua vez, havia curtido praticamente todas as fotos que ela havia postado sem o namorado. Já as fotos dela com o cara, bem, essas o Ricardo não curtia. Lembro bem que essa observação me deu a certeza de que ele gostava muito dela pra dar tanto ibope pra alguém que o ignorava. Fiquei louca de ciúme, mas não demonstrei isso pra ele. Não faria sentido algum eu questionar aquelas curtidas, visto que nossa relação era aberta. Sinceramente, só teria servido pra massagear o ego dele se eu tivesse falado alguma coisa. Ele teria ficado se achando o máximo por ter mais uma evidência de que eu estava emocionalmente envolvida.


Hoje está claro pra mim que não eram sentimentos o que ele tinha pela Alice, mas sim ego ferido por ela o ter dispensado sem nem mesmo lhe dar uma explicação. Ricardo seguia curtindo suas fotos pra ser lembrado. Ele não queria dar ibope pra Alice. Ele é quem queria atenção. E quanto mais ela o ignorava, maior era o incômodo dele com a indiferença dela.


Praticamente uma semana depois de terminar com ele, lá estava eu de novo no perfil da Alice no instagram, dessa vez clicando na opção de mensagem. Explicar quem eu era e por que eu queria conversar com ela parecia difícil demais, mas consegui, por fim, escrever de forma clara e objetiva. Menos de uma hora depois ela me respondeu e começamos a interagir:


Alice: "Oi, Ju! Prazer em conhecê-la também! Lamento por tudo o que você passou, mas admito que não fico surpresa. O Ricardo claramente tem algum transtorno de personalidade. Você acredita que ele me disse que tem uma doença que de tempo em tempo o faz ter hemorragias brabas? Ele falou que, antes de ir pra Coréia, passaria nos Estados Unidos pra dar continuidade ao seu tratamento médico. Disse também que os médicos haviam estimado que ele tinha no máximo três anos de vida!!! Ri alto quando ouvi o áudio dele no whatsapp me contando isso. É aquele tipo de coisa que está bem óbvio que é mentira descarada. Bem nível plot de novela da Globo, sabe. Eu nem dei corda. Não demonstrei preocupação nem pena. Também não questionei. Com maluco a gente faz assim: não dá ouvidos. Quanto à história do mestrado, ele não me contou essa mentira não, mas provavelmente não contou só porque não teria como sustentá-la. Quando o conheci no congresso da USP, também conheci vários colegas dele da faculdade. Todo mundo sabia que ele era aluno de graduação. As circunstâncias inviabilizaram tal mentira, rs. Quanto ao nome, bem, no crachá dele estava escrito Ricardo Ernesto, mas ele falou que nasceu nos Estados Unidos e morou lá quase sua vida toda e que por isso estava acostumado a ser chamado de Richard. Lá no congresso todos os amigos dele o chamavam de Richard mesmo. Então quando vi que no instagram ele usava o nome em inglês, eu não estranhei. Achava meio ridículo ele se esforçar tanto pra reforçar sua imagem como gringo, mas ridículo ou não, isso não fazia diferença pra mim. O que importava era que toda vez que a gente se encontrava, a gente se pegava gostoso, e era só isso. Não dá nem pra dizer que erámos amigos. Por exemplo, nunca viajei pro Rio só pra vê-lo. Se ele via como amizade colorida a nossa pegação em congressos e nas raras vezes em que eu aparecia pelo Rio, somadas à insistência dele em puxar assunto comigo no whatsapp , te asseguro que essa amizade era tão real quanto a doença dele".


Se o Ricardo afirmou em 2017 que só lhe restavam três anos de vida, será que ele vai morrer no ano que vem então!? Só me resta rir dessa palhaçada. A irmã dele já confirmou que isso é mentira. Convenhamos, ele em si é uma piada. Vamos ver agora a parte da conversa em que a Alice me conta por que ela não quis nem mesmo se dar ao trabalho de informá-lo que cortaria o contato entre eles. Se liguem só no conteúdo real daquele vídeo que ele chegou a mencionar na sua versão!


Alice: "Apareceu pra mim no facebook um vídeo do Ricardo sendo recebido com beijo na boca por uma coreana lá no aeroporto em Seoul, no desembarque. Depois que eles se beijaram, ela falou pra câmera algumas coisas em português, mas bem emboladas de tão carregadas de sotaque. A única coisa que eu entendi foi "Meu namorado chegou!" Oi!? Namorado!? Ele se dizia solteiro... Entrei no perfil dela. Um monte de fotos dos dois juntos e legendas como "Meu amor. Só meu.", "Saudades do melhor namorado do mundo" e "Meu futuro marido". Senti nojo do Ricardo. Pelo face dela descobri que, na primeira vez em que eu e ele ficamos no final de 2016, ele já estava namorando a coreana. Eu não sabia da existência dela até então, mas nem por isso me senti menos cúmplice das traições dele. Eu inclusive traí meus próprios princípios! Eu nunca saio com homens comprometidos. Eu nunca apunhalaria uma outra mulher pelas costas. Sororidade, mana! Pra mim, sororidade entre mulheres vem em primeiro lugar, acima de qualquer macho, por mais gostosinho que seja. O Ricardo mentiu pra mim me induzindo a ferir meus próprios princípios. Isso é grave. Se eu tinha alguma consideração por ele, essa consideração morreu ali."


Eu: "Pois é, não podemos minimizar a gravidade disso não! Aliás, você sabe dizer se ele ainda namora essa coreana?"


Alice: "Não sei dizer. Depois daquele dia nunca mais vi aparecer nada dos dois juntos no face nem no instagram dele. Mas o Ricardo pode ter desativado as marcações também. Eu nunca mais voltei no facebook dela. Olhei só naquela vez."


Eu: "Você consegue se lembrar do nome dessa coreana?"


Alice: "Não, mas se eu visse alguma foto, eu poderia reconhecer."


Eu: "Pena que ele não tem mais facebook pra eu procurá-la nos amigos..."


Alice: "Como assim não tem mais? Ele tem sim. Eu ainda o tenho no meu face."


Eu: "Ele falou pra mim que deletou o face faz tempo".


Alice: "Então ele mentiu. Deve ter mentido sobre isso porque no facebook ele usa o nome verdadeiro, Ricardo Ernesto da Silva."


No mesmo instante fui procurá-lo pelo nome verdadeiro no facebook. Achei seu perfil. Mais uma mentira pra coleção. Seu perfil, entretanto, era privado; não tinha como fuxicá-lo. Voltei lá na conversa com a Alice:


Eu: "O face dele é todo bloqueado. Vou ter que olhar seguidor por seguidor que ele tem no instagram mesmo. Já já venho te mostrar os perfis suspeitos que eu encontrar."


Abri a lista de seguidores no insta dele e fui olhando foto por foto. Dentre as seguidoras, só havia aparentemente duas mulheres asiáticas. Printei e mostrei pra Alice. Ela reconheceu que a garota com quem ele namorava era aquela que se chamava Chin-Sun, mas seu perfil no instagram era de conta privada. Vocês bem sabem que não desisti ali. Copiei nome e sobrenome e colei na barra de busca do facebook. E que sorte a minha! Nessa outra rede social o perfil dela não era privado. O status "em um relacionamento sério com Ricardo Ernesto da Silva" e a foto de capa com o casal do século se beijando na boca eram evidências suficientes de que eles ainda namoravam sim.


Não havia necessidade de eu continuar naquela página. Já tinha obtido minha resposta. Mas a curiosidade mórbida que me tomou falou mais alto. Em meio a lágrimas de tristeza, raiva, decepção e ciúme, visão embaçada pelo choro, falta de ar como se eu estivesse tendo um ataque de pânico — talvez eu estivesse tendo um mesmo — e dor de cabeça típica de enxaqueca originada por estresse, olhei todas — literalmente todas — as fotos que a Chin-Sun possuía em seu facebook. Não deixei nada passar despercebido. E a foto dele acampando com ela em Ilha Grande (RJ)!?!?!? Lembro muito bem de quando ele sugeriu que acampássemos lá. Lembro disso tão bem quanto eu sei que esse é um dos nossos muitos planos que não vão mais se realizar.


Voltei à caixa de mensagens do instagram e contei à Alice que consegui confirmar que eles de fato continuavam namorando.


Alice: "Você está bem?"


Eu: "Nem um pouco. Mas vou ficar."


Alice: "Mana, uma pessoa como ele não é digna do nosso tempo, da nossa atenção, muito menos do amor que você parece sentir por ele. Pra mim foi super fácil esquecer que ele existia porque eu não estava emocionalmente envolvida, mas você vai conseguir também! E sabe por quê? Porque você se ama em primeiro lugar. A ficha pode não ter caído ainda, mas logo você vai se dar conta de que você se livrou de um idiota. Sair de uma relação tóxica é sempre um livramento."


Eu: "Obrigada pelas suas palavras de apoio. Ele realmente não merece pessoas como nós na vida dele nem mesmo como amigas. Fico feliz que você não cometeu o meu erro, que foi o de me envolver emocionalmente."


Alice: "Mas isso não é culpa sua, Ju. O cara que é um babaca, doente mental. A gente nunca está errada por se entregar e querer ser feliz. Os caras que estão errados de cagar na nossa cabeça."


Eu: "Confesso que me sinto um pouco culpada por não ter reconhecido os sinais de que ele estava me manipulando."


Alice: "Eu sei como a gente fica se sentindo otária e burra. Eu mesma, por exemplo, só fui ver o controle emocional que o meu ex tinha sobre mim porque meus amigos começaram a me dar uns toques. A gente não percebe mesmo não. Eu sempre me achei muito esperta e tal. Mas quando você vê, já caiu na rede."


Eu: "O Richard, quero dizer, o Ricardo — ainda não me acostumei com o nome verdadeiro — me fazia muito feliz e eu sempre tinha a sensação de que, quando era minha vez de fazê-lo feliz, eu não conseguia ser tudo o que ele esperava de mim. Aí eu buscava fazer de tudo pra agradá-lo. Mas ao me empenhar pra agradá-lo o tempo todo, acabei me tornando mais suscetível à manipulação dele. Eu ofereci a corda com a qual eu seria enforcada".


Alice: "É complicado mesmo. Em geral esses abusos passam despercebidos porque não estamos acostumados a falar sobre eles. Aí é difícil identificá-los. Mas guarda no seu coração a ideia de que você não estava errada por dar o seu melhor pra pessoa de quem você gostava. O errado, o otário da história é ele!"


Eu: "Você nem me conhece e tá sendo super legal comigo! Obrigada por toda essa solidariedade. Significa muito pra mim, ainda mais esse apoio vindo de outra mulher que o conhece e que foi enganada por ele também, embora num grau menor."


Alice: "A gente tem que se apoiar. Só nos unindo mesmo pra não deixarmos esses bostas afetarem o nosso psicológico."


Eu: "Concordo. Sororidade entre nós, mulheres, é imprescindível. E essa nossa conversa me ajudou real. Dói um pouco menos agora que tenho certeza de que, se ele fez o que fez comigo, não foi por eu não ser boa o suficiente pra ele me querer ao seu lado e escolher ser honesto, mas sim porque ele tem problemas mentais e de caráter. Afinal, está bem claro que não sou a primeira nem a última garota pra quem ele vai mentir."


Alice: "Exatamente. O problema não está em você, mana. Está nele. Pode contar comigo se quiser conversar mais sobre isso ou até sobre outras coisas também."


Eu: "Pode deixar! #gratidão"


Estava doendo um pouco menos sim, mas ainda doía muito. Eu não conseguia digerir a

mentira dele sobre ser solteiro.


No dia em que terminei com ele, eu falei em alto e bom som:


— Chega de mentiras, Ricardo! Agora é a hora de você jogar limpo pela primeira vez! Você também tem namorada, não tem?


Naquele momento ele estava chorando, mas não eram lágrimas de arrependimento e sim de constrangimento. Mais uma vez ele olhou nos meus olhos e mentiu:


— Que namorada, Jules!? Na minha vida, nesses últimos tempos, foi você quem mais chegou perto de ser o que uma namorada supostamente deve ser. Tudo que havia pra você descobrir, você já descobriu. Por favor, me escuta! Não faz essa cara, dear.


Dear é o caralh...


Esse bate-boca aí eu ainda vou contar pra vocês na íntegra em um dos próximos capítulos. Adiantei um dos pontos mais significativos dessa briga só mesmo pra mostrar a cara de pau dele ao insistir que era solteiro sim e que não havia mais nada para ser revelado. Pois é, não havia, não! Além do relacionamento fechado e monogâmico com a coreana, ainda havia toda a história de vida dele sobre a qual ele havia mentido e que eu iria descobrir apenas quando começasse a conversar com a irmã dele.


Não chegou a completar nem mesmo 48 horas desde que conversei com a Alice. Eu não resisti mais e desbloqueei o Ricardo Ernesto no whatsapp. Comecei uma adorável lavagem de roupa suja na qual ele soltou uma das suas maiores pérolas até hoje.


Eu: "Achei que eu tivesse te desmascarado, mas fui feita de trouxa de novo. Você teve a chance de abrir o jogo e finalmente jogar limpo, mas não, você optou por continuar mentindo. Você é uma bosta de ser humano não só pelo que fez comigo, mas também pelo que fez com a Alice e pelo que faz com a Chin-Sun!" — lembremos que até então eu não sabia ainda da existência da outra ex-ficante, a Alessandra, nem do que ele fez com ela. — "Agora tô sabendo que você tem uma namorada oficial, mas que é corna, coitada. Agora tá explicado por que você quase nunca curtia minhas fotos no instagram, por que não me deixava postar as nossas e por que nunca iria postar foto alguma comigo no seu insta. E eu acreditando que era por causa dos seus pais! Mas até que era por isso também, não é mesmo!? Afinal, eles conhecem sua namorada e ficariam decepcionados se soubessem que você não só a trai descaradamente, como também diz pra Deus e o mundo que você é solteiro, um espírito livre! Eu até cogitei a possibilidade de você ser mentiroso por imaturidade e não por mau caratismo, mas com as novas descobertas tá bem claro que você é um bossal com problemas mentais e desvio de caráter! Você disse pra Alice que você tinha apenas três anos de vida, não disse? Como você falou isso em 2017, pelos meus cálculos é no ano que vem que você morre, né!? Deveria fazer um funeral fake que nem o Ross fez um pra ele em Friends! De qualquer forma, pra mim você já está morto! E pra Alice também!"


Ricardo: "Eu não tenho desvio de caráter".


Eu: "Tem só problemas mentais então?"


Ricardo: "Jules... Eu já estou me sentindo um merda desde que paramos de nos falar. Você inclusive jogou um monte de coisas na minha cara na frente da sua mãe. Você me humilhou. Não precisa vir aqui agora querendo fazer com que eu me sinta pior. Eu já pedi desculpas! Não posso voltar no tempo e fazer tudo diferente. Se eu pudesse, eu faria. Pedi pra gente tentar ser amigos. Você deixou claro que não queria. Foi bem enfática sobre não querer me ver nem pintado de ouro. O que você quer de mim então? Eu te dou o que você quiser pra você me desculpar, mas fala o que é que você quer de mim."


Eu: "Como você é cínico! O que eu queria é que você tivesse jogado limpo comigo quando te botei contra a parede no dia em que terminamos! Você olhou nos meus olhos e negou que tinha namorada! Nem mesmo quando sua máscara caiu , você parou de mentir!"


Ricardo: "Você já estava muito chateada, Jules. Se eu falasse sobre a Chin-Sun, eu só iria piorar as coisas."


Eu: "Você quer dizer piorar as coisas pro seu lado, né? Você só pensa em si mesmo. Você tornou tudo pior pra mim justamente por não ter parado de mentir. Se o problema todo se originou com as suas mentiras, você realmente achou que continuar mentindo era a melhor forma de lidar com a situação!? Eu te achava tão inteligente, mas tô vendo que você é capaz de ser burro também."


Ricardo: "Eu nunca tive a intenção de te machucar."


Eu: "Mentindo do jeito que mentia!? Só se você acreditasse que eu nunca iria descobrir. Achava que era fácil me fazer de trouxa, né? Até o dia em que você abusou da sua sorte com uma mentira mal contada. Você me subestimou."


Ricardo: "Eu me odeio por ver a dor que te causei."


Eu: "Você deve estar rindo da minha cara, isso sim."


Ricardo: "Não acho divertido ver pessoa alguma sofrendo, ainda mais por minha causa. Estou me sentindo um merda pelo que fiz contigo! Você pode não acreditar, mas tenho pensado em você direto e basta eu me lembrar de vc pra eu lembrar o merda que sou."


Eu: "Se isso for verdade, pelo menos agora você sabe como me senti a cada mentira que descobri! Me senti uma merda de mulher me perguntando o que eu fiz pra merecer tanta desonestidade da sua parte."


Ricardo: "Jules, você não fez nada de errado. A culpa foi minha. É toda minha. Errei muito contigo."


Eu: "Se você tem consciência de que estava me enganando, como você pode dizer que nunca teve a intenção de me magoar?"


Ricardo: "Porque do modo como eu vejo as coisas, eu não estava mentindo pra você. Eu apenas tenho minha própria interpretação sobre as minhas experiências."


Eu: "Na sua interpretação mestrado e graduação são a mesma coisa!? Não há diferença entre ser solteiro e ser comprometido!? Eu que devo ser a maluca que faz uma tempestade em copo d'água por não compreender que é tudo questão de interpretação! Devo ser burra também. Como eu não levei em consideração o fator interpretativo nessa história toda!? Poxa vida... será que sou eu quem te deve desculpas?" — imagine inserido aqui aquele emoji revirando os olhos. Ou aquele do tapinha na testa.


Ricardo: "Estou tentando conversar de boa, mas você fica de ironia... Poxa, Jules, se você continuar assim na defensiva, não vai ter como a conversa ser produtiva. Sobre a minha namorada a questão é a seguinte: ela mora do outro lado do mundo, então eu interpreto como se eu estivesse solteiro no Brasil. Mas se um dia ela vier morar aqui ou eu for morar lá com ela, vou ser fiel. Não vai haver essa distância toda, sabe. Aí tudo vai ser diferente."


Eu: "Mas a relação de vocês hoje não é aberta. Ou é?"


Ricardo: "Não é aberta não. Quando começamos a namorar, eu tentei propor que fosse aberta, mas ela tem um pensamento muito conservador."


Eu: "Mas então na sua cabeça você interpreta o não dela como sim e finge pra si mesmo que vocês não estão numa relação monogâmica? É por isso que você não acha que mentia pra mim. Você mente pra si mesmo! Isso é doentio, Ricardo! Como você acha que a sua namorada vai se sentir quando descobrir que você leva vida de solteiro aqui enquanto ela tá do outro lado do mundo acreditando na sua fidelidade, no seu amor, na sua palavra?"


Ricardo: "Ela ficaria mal e eu também. Já te disse que não gosto de ver ninguém sofrendo por culpa minha. Mas ela me ama muito. Acabaria me perdoando."


Eu: "Pelo visto ela te ama muito, mas não ama ela própria. Você não consegue enxergar que você já estar contando com o perdão dela, enquanto a engana deliberadamente, é repugnante pra caralh*!? É maldade, é egoísmo, é falta de empatia, falta de vergonha na cara. Seu personagem Richard era intenso e profundo, mas você... Você, Ricardo, é raso demais."


#Motivo 25: O embuste argumentou que não mente. Ricardo simplesmente faz sua própria interpretação sobre as suas experiências. Como sua namorada mora do outro lado do mundo, ele, por exemplo, interpreta essa situação como se estivesse solteiro no Brasil. O problema somos nós que não estamos levando o fator interpretativo em consideração, não é mesmo? E se um dia a coreana descobrir a verdade? Bem, ele deixou bem claro que já está contando com o perdão da Chin-Sun porque ela o ama muito! Se vai ser tão fácil ser perdoado, ele acha que não há necessidade de mudar seu comportamento.


Ricardo: "Às vezes eu odeio ser quem sou. Mas eu vou ter que ser o que sou até o último dia da minha vida. Então é melhor eu aprender a aceitar a minha natureza..."


Eu: "Você fala como se não tivesse escolha! No dia em que terminei com você, ouvi esse mesmo discurso! Vou repetir o que te falei naquele dia: todas as suas escolhas são conscientes. É você mesmo quem escolhe continuar mentindo. Se você se arrependesse, contaria a verdade logo depois. Mas não, você ainda escolhe dar continuidade às mentiras. É você quem escolhe tirar proveito dos sentimentos das pessoas. Você disse que a coreana te ama muito, mas e você, Ricardo? Você a ama?"


Ricardo: "Eu não amo ninguém. Talvez eu ame só os meus pais... por fatores biológicos. Me sinto mal por ser incapaz de amar, de sentir aquilo que tantos escritores que gosto muito de ler descrevem de maneira tão grandiosa. Lembra que te falei que sou um espírito livre que não se prende a coisas nem a pessoas? Não menti sobre isso. Talvez eu seja assim, tão desprendido, justamente por causa da minha incapacidade de amar. Mas voltando à sua pergunta, eu não amo a minha namorada. Gosto bastante dela. Assim como gosto bastante de você. Mas são gostar diferentes."


Foi a essas três últimas frases que eu me referi como uma das maiores perólas que ele já soltou em seus discursos cínicos.


#Motivo 26: Ricardo Ernesto afirmou gostar bastante da namorada, assim como gosta bastante de mim, mas que são formas diferentes de gostar!!! Que idiotice foi essa que eu tive que ler e engolir a seco!? Essas palavras desceram queimando e embrulharam o meu estômago.


Por um instante cheguei a pensar que se ele gostava bastante da namorada, assim como gostava bastante de mim, talvez isso significasse que, apesar da canalhice das mentiras, o sentimento dele por mim tinha sido real. Mas quando apareceu na tela do meu celular aquela última mensagem, "são gostar diferentes", isso acabou comigo. Ele continuava brincando com os meus sentimentos. Impossível ele não saber que suas palavras me cortavam como navalhas afiadas. Pelo visto, não signifiquei muita coisa pra ele. É claro que sua forma de gostar da coreana era diferente! Afinal, ela tinha o título de namorada oficial, conhecia a família dele e podia postar fotos com ele nas redes sociais. Ele se aproveitava do dinheiro dela também, mas ela tinha privilégios que ele nunca me concedeu. Ela era, pra ele, melhor do que eu. Ele a considerava digna de mais espaço na sua vida. Ele gostava mais dela do que de mim. Aquele "eu te amo" que um dia declarou olhando nos meus olhos não passou de fala bem encenada por um ator convincente. Eu estava dizendo pra todos que ele era uma piada, mas no fundo eu sentia que a piada era eu.


O que levei meses pra entender é que, se há alguém nessa história que não é digno de outras pessoas, é o próprio Ricardo Ernesto. Ele claramente não me merecia. Como é possível que, depois de tudo que eu havia descoberto, eu ainda estava buscando em suas palavras não-confiáveis alguma evidência de que nossos seis meses juntos haviam significado alguma coisa pra ele!? Pra que fazer questão de ser uma lembrança relevante na vida de quem se revelou desprezível? Por que era importante pra mim ser lembrada com amor por quem era incapaz de amar? Por que eu desejava desesperadamente ser lembrada por quem eu precisava esquecer que existia? Que diferença faria na minha vida ele gostar mais da Chin-Sun do que de mim se, no fim das contas, ele enganava, usava, manipulava e iludia a própria namorada! Seu título de namorada oficial não era privilégio algum! Era uma farsa. Não valia muita coisa.


Ele tem a consciência de que não ama ninguém. Ótimo. Mas visivelmente também não gosta de verdade de nenhuma garota. Quem gosta se importa com o outro. Quando você se importa com o sentimento da outra pessoa, você não finge ser solteiro no seu país enquanto ilude a sua namorada que está num outro continente, a milhas de distância, acreditando que você está esperando por ela, pensando só nela, desejando-a única e exclusivamente. É sério que esse é o homem que eu fazia questão que gostasse de mim!? Do que me serviria ele ter gostado de mim em algum momento? Meu cupido pode ser gari; só me arranja boy-lixo. Mas por outro lado, não sou lixeira pra um lixo de homem como o Ricardo Ernesto depositar seu "gostar diferente" em mim.


Demorei pra entender tudo isso. Demorei pra perceber que ter ido desbloqueá-lo no whatsapp para tirar satisfação com ele sobre a existência da coreana foi uma enorme massageada em seu ego, o que fez com que ele visse nitidamente que eu ainda me importava com o que era mentira ou não, com quem ele gostava ou deixava de gostar, com o que ele fazia ou deixava de fazer na sua vida.


Aquela Juliana foi lá esbravejar pela internet com o Ricardo Ernesto movida por seu amor por ele ou por estar com o ego ferido? Em ambos os casos, foi também por falta de amor próprio. Do meu ponto de vista hoje, vejo que aquela Juliana estava se humilhando, proporcionando ao embuste mais chances de pisar nela para assim justificar seu sofrimento ao invés de superá-lo; para se manter em um lugar de pena, ao invés de se esforçar pra sair dali o quanto antes.


Duas amigas minhas foram fundamentais nessa minha mudança de percepção. Uma delas se chama Thaís e a outra, Juliana. Não é estranho que uma das melhores amigas da protagonista tenha o mesmo nome que ela!? Muito provavelmente isso nunca aconteceria se fosse uma história fictícia. Mas isso é vida real. E na vida real nomes se repetem, assim como mentiras contadas por embustes se repetem também. Fingir ser solteiro quando, na verdade, se encontra num relacionamento monogâmico é, infelizmente, uma das farsas mais comuns.


Já a minha decisão de enviar fotos minhas com o Ricardo Ernesto e prints de conversas nossas para a coreana foi influenciada pelas palavras da tal da Alice. Ela foi muito receptiva quando a procurei pra conversar e enfatizou a importância das mulheres conversarem entre si para que consigam primeiramente identificar se estão em um relacionamento abusivo e, caso estejam, encontrar forças para sair dele. Assim como ela me ajudou a perceber com mais clareza a natureza tóxica do Ricardo, eu poderia, quem sabe, ajudar a Chin-Sun a abrir os olhos. Não havia garantia alguma de que ela seria receptiva, mas eu tinha que lhe mostrar a verdade.


É claro que eu também queria ver o circo pegar fogo pro Ricardo. Desejei que ele viesse a sofrer pelos seus erros, mas em momento nenhum desejei sofrimento à coreana. Provavelmente ela iria sofrer, mas enxergar o vilão que há no príncipe encantado faz a inevitável dor da decepção valer a pena. Livrar-se de um embuste é jornada de redescobrimento do amor próprio. Desapegar do que nos faz mal é liberar espaço pro nosso coração, agora em cacos, respirar aliviado e aos poucos voltar a ser inteiro, nem que a gente tenha que colar pedacinho por pedacinho como em um quebra-cabeça irritante por ser tão complicado.


Muito mais por sororidade do que por vingança eu fui tanto lá no inbox do instagram, como também no do face da coreana e e fiz o que achei certo fazer. Eu não sabia se ela iria me responder. Nem mesmo sabia se ela visualizaria as mensagens. Eu, porém, sempre saberia que tentei alertar outra mulher sobre o lixo com quem a gente se envolveu. No dia em que ela visualizou, não me senti vingada, mas sim empoderada por ter escolhido o caminho da sororidade.


Fiquei sabendo qual foi a reação — e a decisão — da Chin-Sun através da Elisa, a irmã do embuste. É óbvio que vou contar pra vocês essa treta todinha, mas só no próximo capítulo! Esperar é chato, mas podem ter certeza que o Ricardo Ernesto não vai decepcionar vocês. Tem pela frente muito ranço pra vocês sentirem ainda!

1 Comment


priscillasantificar
Sep 14, 2019

Ju, são tantas informações que eu continuo sem palavras !

Coração ficou apertadinho quando você fala sobre sua reação . Mas, como sempre te lembro, volto a repetir: você não tem culpa dos seus reais sentimentos! Lembre-se de que o fato do outro não valorizar o que você possui , não anula o seu valor ! Você foi você e isso basta! Não se compare a Alice ou as outras mulheres da vida do Ricardo. Ele tem sérios problemas e todas vocês são vítima! No demais , continue perseverando. Continue resistindo. Continue vencendo e sendo você mesma ! Eu tenho fé de que você será muito feliz ! Um beijo

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